Dr. José Carlos Barbi –
Nós, médicos especialistas da área oncológica, sabemos como o diagnóstico precoce do câncer é importante para o sucesso de um tratamento. Mas, devido à pandemia da Covid-19, podemos ter no futuro doentes com menos chance de tratamento bem sucedido. Isso porque a população tem diminuído a procura por serviços de saúde com medo da contaminação pelo coronavírus.
Um dado muito relevante foi divulgado pelas Sociedades Brasileiras de Cirurgia Oncológica e de Patologia mostrando que, por causa da pandemia do novo coronavírus, houve redução de até 90% dos exames que deveriam ser oferecidos em hospitais, incluindo pacientes oncológicos, gestantes e doentes crônicos que não estão sendo atendidos.
De março a maio deste ano, pelo menos 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer por falta de exames, segundo os órgãos. Nessas semanas, na cidade de São Paulo, foram feitas 5.940 biópsias na rede pública. No mesmo período do ano passado, foram 22.680.
O momento é desafiador, mas temos de ter consciência de que, apesar do medo da Covid-19, as outras doenças precisam ser tratadas. No caso do câncer ósseo, que é a minha especialidade, quanto mais precoce a descoberta mais chances de se obter um tratamento satisfatório.
O câncer ósseo
O câncer ósseo primário, isto é, que começa no osso, é um tipo raro de tumor, sendo mais frequente uma metástase que espalha para o tecido ósseo. Ele pode iniciar em qualquer osso do corpo, contudo, é mais comum em ossos longos, presentes nos braços e pernas.
Existem vários tipos de câncer ósseo, sendo que alguns acometem mais crianças e outros são mais observados na fase adulta. Além disso, os tumores ósseos benignos (não cancerígenos) são mais comuns que os malignos. No entanto, mesmo que os tumores benignos não se espalhem, eles podem crescer, destruir o tecido ósseo saudável, causar dor, inchaço, formigamento e até fraturas.
Quanto aos sintomas, a dor é a principal queixa, e pode ser causada pela propagação do tumor ou por uma fratura de um osso enfraquecido. Ainda assim, o paciente pode relatar rigidez e inchaço local. Embora menos comum, pode ocorrer febre e fadiga.
Por isso, sempre procure um especialista se sentir dor ou desconforto para realizar o diagnóstico correto.
José Carlos Barbi é ortopedista especialista em Cirurgia da Coluna e Ortopedia Oncológica da equipe do Instituto da Coluna Campinas
Fontes: Sociedade Brasileira de Patologia e Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica
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