Por Dr. Alexandre Jaccard
De origem grega, a palavra escoliose significa “curvatura”. Na medicina ela é definida como curvatura lateral da coluna vertebral, maior ou igual a 10 graus. Valores menores podem ser fisiológicos ou posturais, por isso não são considerados uma escoliose.
O diagnóstico de escoliose é feito por meio de uma radiografia de frente. Anatomicamente, é um desvio tridimensional da coluna vertebral, ou seja, além de ser observado de frente, como uma “curvatura lateral”, há alterações nas curvaturas consideradas normais quando visto de lado (cifose e lordose) e também uma rotação das vértebras.
Essa rotação das vértebras determina um dos principais sinais analisados em pacientes com escoliose, ao qual chamamos de giba. Trata-se de uma proeminência nas costas que fica mais evidente quando a pessoa inclina o tronco para frente, num teste chamado de “Adams”. Isso ocorre porque quando as vértebras rodam, também fazem rodar as costelas na região torácica e ainda toda a musculatura ao lado da coluna, na região lombar.
Outros sinais que podem acompanhar a giba são:
- Diferença na altura dos ombros
- Assimetria da cintura (ela parece “empurrada” para um lado ou “afundada de um lado”)
- Descompensação do tronco (a cabeça não está centrada sobre a bacia)
- Assimetria na bacia e assimetria no tórax quando visto de frente (nas mulheres, um seio pode parecer maior que o outro)
Quando a giba é observada, associada ou não aos demais sinais citados, um médico ortopedista deve ser consultado.
Existem diversas causas para a escoliose, mas em cerca de 80% das vezes a causa não é conhecida, sendo chamada de idiopática, que quer dizer “surgida espontaneamente ou de causa obscura, desconhecida”.
O principal exame necessário para a avaliação, acompanhamento e tratamento da escoliose é a radiografia simples de toda a coluna, com o paciente em pé. Ressonância Nuclear Magnética (RNM) e Tomografia Computadorizada (TC) não são exames de rotina, sendo solicitados para investigação de outras causas de escoliose ou em casos específicos.
O tratamento é individualizado, mas, geralmente, pode ser dividido em: observação, uso de colete e cirurgia.
- Aobservação é realizada quando as curvaturas são menores que 25º e 30º em pacientes que estão em crescimento ou em pacientes com curvaturas menores que 45º, que já completaram seu crescimento.
- O uso de coleteé indicado para pacientes em crescimento, com curvatura entre 25º e 40º. Existem vários tipos de coletes, mas todos têm a função de prevenir ou diminuir a progressão da escoliose. O colete deve ser usado de 20 a 22 horas por dia, sendo retirado apenas para o banho e durante a prática de atividades físicas.
- Acirurgia é indicada quando a escoliose é maior que 45º na fase de crescimento do adolescente, ou quando é progressiva, após o término do crescimento.
Durante a observação ou o uso de colete, atividades físicas e terapias podem ser recomendadas, como fisioterapia, Reeducação Postural Global (RPG), quiropraxia, pilates, yoga, entre outras.
Apesar de não haver evidência científica de que essas terapias possam prevenir ou diminuir a progressão da escoliose, elas são indicadas para proporcionar um bom condicionamento físico geral, contribuindo para manter a flexibilidade e o fortalecimento da coluna.
Dr. Alexandre Jaccard é ortopedista especialista em coluna do Instituto da Coluna Campinas
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