Dr. Rafael Barreto –
Nossos ossos estão sempre se renovando através de um processo denominado remodelação óssea, que consiste basicamente em restaurar microfraturas que acontecem espontaneamente e de forma natural, além de adaptar a matriz óssea às demandas funcionais do nosso corpo. O perfil hormonal, a síntese proteica, o consumo de alimentos ricos em cálcio e fósforo, entre outros fatores podem influenciar essa renovação.
E a qualidade do sono também é uma das influências dessa remodelação, já que dormir pouco pode afetar negativamente essa atividade, facilitando o aparecimento de enfermidades.
Um estudo* de pesquisadores da Endrocine Society, em 2017, observou 10 homens seguindo uma rotina de sono controlada: apenas 6 horas de sono por dia e todo dia deveriam ir se deitar 4 horas depois do horário do dia anterior, por 3 semanas.
No final, os participantes tiveram uma queda dos níveis de P1NP – um marcador de remodelação óssea – mostrando que o antigo tecido ósseo estava sendo absorvido, mas a velocidade com que a nova matriz se formava não era tão rápida, causando perda de massa óssea. Essa condição pode gerar uma predisposição à osteoporose e à incidência de fraturas.
Além disso, os homens mais jovens se mostraram mais sensíveis à redução da qualidade do sono. Segundo os estudiosos, os homens entre 20 e 27 anos demonstraram uma queda de P1NP de 27%, enquanto os participantes de 50 anos ou mais tiveram uma diminuição de 18% no marcador.
Ainda não existem muitos estudos sobre a relação da qualidade do sono e a saúde óssea, mas a partir disso já podemos entender que a escolha mais saudável a se fazer é seguir com uma rotina equilibrada de sono, já que este é um momento muito importante para a renovação do tecido ósseo.
Dr. Rafael Barreto é ortopedista especialista em Cirurgia da Coluna do Instituto da Coluna Campinas.
*Estudo: SWANSON, Christine et al. Lower Bone Formation after 3 Weeks of Sleep Restriction with Circadian Disruption: A Mechanism for Sleep-Related Bone Loss. In: 99th Annual Meeting of the Endocrine Society. Endocrine Society, 2017.
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